lunes, 28 de diciembre de 2009

500 ANOS: Futuro ou Passado?

Na chuva de artigos, cartas e comentários que estas comemorações provocaram, encontrei as palavras do cantor e compositor português Sérgio Godinho que dizem: “Não são as comemorações em si que vão tornar idílicas as relações entre os dois países. (...) Acho que é um pretexto para nos deixarmos de preconceitos mútuos e começarmos, insistentemente, a conhecer melhor o que há de bom em nossas culturas”.

Foi assim que lembrei-me dos debates que também provocaram no seu momento as comemorações dos 500 anos dos descobrimentos espanhóis. Na época, parte da América “espanhola” perguntava-se qual era o motivo da comemoração quando a descoberta espanhola tinha acabado com as grandes culturas indígenas existentes, quando impuseram a sua com a maior brutalidade conhecida sem respeito nenhum, quando vazaram o continente de todas as suas riquezas, adjudicando a esta atitude a categoria de países “subdesenvolvidos” que sofrem hoje, entre muitas outras coisas.
É muito difícil manter-se afastado de um processo do qual forma-mos parte, sobretudo quando se pensa que a independência dás colônias espanholas esteve marcada pelas revoltas, guerras e que nenhum de nós teve o “privilegio” de uma saída pacífica ou negociada.

Mesmo assim eu pensava, naquele momento, que estávamos a perder a oportunidade de aproveitar o presente para construir um futuro melhor, aprendendo dos erros cometidos no passado, ambas as partes. Isto não quer dizer que devamos esquecer o passado ou ficar indiferentes à própria história das nossas culturas, de jeito nenhum. Isto quer dizer que não adianta responsabilizar o presente por um passado que já tem mais de 200 anos. Como disse o Presidente de Portugal, Jorge Sampaio, é muito difícil julgar as épocas históricas com os olhos e segundo os padrões da atualidade.
As comemorações são feitas no presente para o presente, são oportunidades para avaliar a história e sobretudo, para trabalhar no futuro. Estas comemorações servem para mostrar todos os pontos fracos da nossa sociedade de hoje, porque se os indígenas foram reprimidos e subjugados numa época, são discriminados e deslocados hoje, e não precisamente pelos espanhóis e portugueses. Então, acho que é hora de rever as nossas atitudes, de olhar para frente à procura do “reconhecimento” das nossas culturas.
Não é para ficarmos divididos, trata-se de acabar ainda mais juntos...

No hay comentarios:

Publicar un comentario